Quem é Leão XIV? Veja 5 pontos para saber mais sobre o novo papa
Prefeito do Dicastério para os Bispos, ele é o primeiro pontífice norte-americano e foi missionário no Peru.
ROMA - O papa Leão XIV explicou neste sábado, 10, por que escolheu este nome para seu pontificado e apontou a inteligência artificial (IA) como um dos principais desafios do mundo hoje.
Em sua primeira audiência formal com os cardeais como líder da Santa Sé, o americano-peruano Robert Prevost disse que vai dar sequência às reformas da Igreja Católica iniciadas pelo seu antecessor, o papa Francisco, citado quatro vezes em seu discurso, e pediu aos cardeais que reafirmassem “nossa plena adesão a este caminho, que a Igreja universal percorre há décadas na esteira do Concílio Vaticano 2º”. Ocorrido nos anos 1960, o concílio promoveu reformas profundas, a começar da liturgia da Igreja.

Foi então que Leão XIV abordou os pontos que julgava importantes no pontificado de seu antecessor. “Papa Francisco recordou e atualizou magistralmente os seus conteúdos na exortação apostólica Evangelii gaudium, da qual gostaria de sublinhar alguns pontos fundamentais.” Citou então o “primado de Cristo no anúncio”; a “conversão missionária de toda a comunidade cristã” e o crescimento na colegialidade e na sinodalidade no governo da Igreja Católica.
Em relação aos fiéis, o pontífice chamou a atenção ao “senso de fé em suas formas mais particulares e inclusivas, como a piedade popular”. Também lembrou aos cardeais o cuidado amoroso do antecessor com os marginalizados e os excluídos, o diálogo corajoso e confiante com o mundo contemporâneo nas suas várias componentes e realidades. Todos pontos que devem ter continuidade em seu pontificado.
“Trata-se de princípios do Evangelho que sempre animaram e inspiraram a vida e o agir da Família de Deus, valores através dos quais o rosto misericordioso do Pai se revelou e continua a revelar-se no Filho feito homem, última esperança de quem procura com sinceridade a verdade, a justiça, a paz e a fraternidade”, afirmou, antes de citar a encíclica Spe Salvi, de outro papa que o antecedeu: Bento XVI.

E confirmou que seu pontificado deve seguir esse olhar para o social que Francisco tinha. “Justamente por me sentir chamado a seguir nessa linha, pensei em adotar o nome de Leão XIV”.
Em seguida, Prevost completou a explicação sobre a escolha do nome. Ele confirmou que o papa Leão XIII, que comandou o Vaticano entre 1878 e 1903, foi a principal inspiração para a escolha do seu nome. O pontífice da virada do século 19 para o 20 é fundador da Doutrina Social da Igreja e foi o primeiro a incluir em uma encíclica (a Rerum Novarum, de 1891) os problemas da classe operária, após a Revolução Industrial.
“São várias as razões, mas a principal é porque o Papa Leão XIII, com a histórica encíclica Rerum novarum, abordou a questão social no contexto da primeira grande revolução industrial; e, hoje, a Igreja oferece a todos a riqueza de sua doutrina social para responder a outra revolução industrial e aos desenvolvimentos da inteligência artificial, que trazem novos desafios para a defesa da dignidade humana, da justiça e do trabalho“, afirmou aos colegas cardeais.
Leão XIV realçou, assim, o perigo do avanço da IA, que eleva o risco de transformar as relações entre humanos em algoritmos. Os alertas sobre a inteligência artificial também foram uma tônica de Francisco, que chegou a afirmar que essa tecnologia contém a “sombra do mal”. O novo papa concluiu seu discurso no encontro citando outro papa: São Paulo VI, o condutor do Concílio Vaticano 2.º.

“Gostaria de concluir esta primeira parte do nosso encontro fazendo meu – e propondo-o também a vós – o desejo que São Paulo VI, em 1963, colocou no início do seu ministério petrino: ‘e pelo mundo inteiro, como uma grande chama de fé e de amor que inflame todos os homens de boa vontade, ilumine os caminhos da colaboração recíproca e atraia sobre a humanidade, agora e sempre, a abundância das divinas complacências, a própria força de Deus, sem a ajuda de quem nada é válido, nada é santo’."
Neste domingo, 11, o papa rezará o Regina Caeli na praça de São Pedro.
Por que os papas mudam o nome?
O nome incorporado por um papa não é mera formalidade. Ele traz uma mensagem ou proposta para o pontificado que se inicia. Além da referência a santos, também é comum homenagear outros pontífices.
O nome é uma opção do papa eleito, e é anunciado após o conclave, reunião de cardeais que define o novo líder da Igreja Católica. A escolha costuma funcionar como uma indicação dos objetivos e da linha a ser seguida durante seu pontificado.
João é o nome mais frequente entre os papas até hoje — ao todo, 21 pontífices escolheram ser chamados como o apóstolo. O último deles, João XXIII, comandou a Igreja de 1958 a 1963 e um período de significativas reformas.
Francisco (2013-2025) foi o primeiro a usar esse nome./ COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS