Conclave: Como é eleito o novo papa? Quem são os cotados para suceder Francisco?
Dos 133 votantes, 108 foram escolhidos durante o papado de Francisco. Veja como é o processo da eleição.
Entre os 133 cardeais de todo o mundo que participam do conclave que escolherá o novo papa, oito são brasileiros. Sete deles têm menos de 80 anos e podem votar, enquanto um - o Cardeal Raymundo Damasceno Assis, arcebispo emérito da Arquidiocese de Aparecida, em São Paulo - já ultraou a idade limite para depositar seu voto, mas ainda pode ser escolhido. Veja a lista abaixo.
O conclave está em seu segundo dia de votação. Os cardeais estão isolados desde quarta-feira, 7, na Capela Sistina, no Vaticano, sem comunicação com o mundo externo. O sinal de telefonia foi cortado.
Não há um consenso de um nome favorito, e parte dos analistas acredita que o resultado pode surpreender, como foi com o argentino Jorge Mario Bergoglio, há 12 anos. Entre os mais cotados, a maioria é de europeus, mas fala-se também de cardeais de outros continentes, como Ásia e África.
Especialistas veem como baixa a probabilidade de outro latino-americano ser escolhido (Francisco era argentino). Logo após a morte de Francisco, o arcebispo de Salvador, dom Sérgio da Rocha, apareceu como um dos cotados, mas perdeu força nas semanas seguintes.

Na imprensa estrangeira, o arcebispo de Manaus, dom Leonardo Steiner, e o arcebispo de Porto Alegre e presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Jaime Spengler, chegaram a ser citados na mídia internacional, mas com menos destaque.
Os sete cardeais brasileiros que participam da escolha do papa são:
Cardeal Odilo Pedro Scherer – arcebispo da Arquidiocese de São Paulo

O gaúcho é o 7º Arcebispo Metropolitano de São Paulo. Com 75 anos, ele é filósofo e teólogo, com mestrado em Estudos Teológicos e doutorado em Teologia. É autor de “Justo sofredor: uma interpretação do caminho de Jesus e do discípulo” e “Reflexões sobre Fé e Política”.
O cardeal comanda desde 2007 a Arquidiocese de São Paulo, uma das maiores do mundo, e deve ficar no cargo até o final de 2026. Antes disso, atuou como como secretário-geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e trabalhou na Cúria Romana, na então chamada Congregação para os Bispos, no Vaticano.
Dom Odilo já foi cotado para ser papa. O cardeal de São Paulo era apontado como possível sucessor Bento XVI depois que o pontífice renunciou ao cargo, em fevereiro de 2013, mas o argentino Jorge Mario Bergoglio acabou sendo escolhido para o posto. Apesar do favoritismo no último conclave, a escolha do cardeal gaúcho para suceder Francisco é tida como improvável.
Cardeal João Braz de Aviz – arcebispo emérito da Arquidiocese de Brasília e da Congregação para a Vida Consagrada, no Vaticano

Catarinense nascido em Mafra, Aviz está próximo de completar 78 anos.
Foi prefeito do Departamento Vaticano para a Vida Consagrada (responsável por gerir todas as congregações religiosas do mundo) durante 14 anos, até janeiro deste ano, quando foi substituído pela primeira mulher a ocupar um cargo tão alto na igreja.
De “estilo discreto”, segundo definiu o portal de notícias oficial do Vaticano Vatican News, o cardeal era amigo próximo do papa Francisco. Por sua experiência na Cúria Romana, também foi cotado entre os papáveis de 2013.
Cardeal Orani João Tempesta – arcebispo da Arquidiocese do Rio de Janeiro

Hoje com 75 anos, é natural de São José do Rio Pardo, em São Paulo. Entrou para a Ordem dos Monges Cistercienses e realizou os estudos de Filosofia no Mosteiro São Bento, em São Paulo, e em São João del-Rei (MG), além de estudos em Teologia. Está no Governo Pastoral da Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro desde 2009.
O religioso foi o anfitrião do papa Francisco quando ele visitou o Rio de Janeiro para a Jornada Mundial da Juventude, em 2013.
No ano seguinte, foi nomeado cardeal pelo papa argentino - este é, portanto, o primeiro conclave do qual participa.
Cardeal Sergio da Rocha – arcebispo da Arquidiocese de Salvador

Hoje com 65 anos, o cardeal nasceu em Dobrada, em São Paulo. É mestre em Teologia Moral e doutor pela Academia Alfonsiana da Pontifícia Universidade Lateranense, em Roma. Trabalhou como diretor espiritual, professor e reitor do Seminário Diocesano de Filosofia de São Carlos e foi professor de Teologia Moral na Pontifícia Universidade Católica (PUC) de Campinas.
Em 2011, foi nomeado Arcebispo Metropolitano de Brasília, onde permaneceu até ser nomeado pelo papa Francisco como Arcebispo de Salvador - diocese mais antiga do País - e Primaz do Brasil, em 2020. Também presidiu a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) de 2015 a 2019.
Ao chegar à Bahia, se envolveu nas obras sociais deixadas por Irmã Dulce, tornando-se presidente de honra da entidade filantrópica que promove o legado da religiosa.
É considerado o brasileiro com mais chances de ser o próximo papa e visto como um progressista moderado, com bom trânsito entre as diferentes alas da Igreja Católica.
Cardeal Paulo Cezar Costa – arcebispo da Arquidiocese de Brasília

O atual arcebispo de Brasília nasceu em Valença (RJ), e tem 57 anos.
Ocupa, na CNBB, a direção do INAPAZ, Instituto responsável pelas análises de Conjuntura Eclesial, e é membro do Pontifício Conselho para a Unidade dos Cristãos e da Pontifícia Comissão para a América Latina.
Em entrevista recente, concedida em Roma ao Estadão, afirmou acredita que a tendência seria que o escolhido desse continuidade ao “grande diálogo suscitado por Francisco” e que deve ser um “papa dos nossos tempos”.
Cardeal Leonardo Ulrich Steiner – arcebispo da Arquidiocese de Manaus

Nascido em Forquilhinha (SC), estudou Filosofia e Teologia com os franciscanos em Petrópolis. Obteve o grau de bacharel em Filosofia e Pedagogia na Faculdade Salesiana de Lorena, e a licenciatura e o doutorado em Filosofia na Pontifícia Universidade Antonianum, em Roma. Hoje com 74 anos, é, desde 2019, o arcebispo metropolitano de Manaus.
O cardeal tem contato intenso com a Região Amazônica desde 2005, quando foi nomeado bispo pelo então papa João Paulo II para a Prelazia de São Félix, no Mato Grosso. Após a nomeação como arcebispo da Arquidiocese de Manaus pelo papa Francisco, participou da articulação para realizar o Sínodo da Amazônia.
Também preside o Conselho Indigenista Missionário (Cimi), organismo vinculado à CNBB que atua junto aos povos indígenas. Em março deste ano, denunciou a “omissão estatal” nos territórios indígenas frente ao Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas.
Cardeal Jaime Spengler – arcebispo da Arquidiocese de Porto Alegre

Nascido em Gaspar (SC) e hoje com 64 anos, é presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e arcebispo da Arquidiocese de Porto Alegre, cargo a que foi nomeado pelo papa Francisco em 2013.
Cursou Filosofia e Teologia, com doutorado em Filosofia e atuou na Ordem dos Frades Menores em diversas missões e cidades do País até 2010, quando foi nomeado pelo papa Bento XVI como bispo auxiliar.
Franciscano, preside também o Conselho Episcopal Latino-Americano e Caribenho (Celam), e tem preocupação com questões sociais, como o acolhimento dos pobres e dos refugiados.