
“Uma série de postos de trabalho será extinta pelo uso da Inteligência Artificial. Se a escola não formar os alunos para competências mais sofisticadas, os jovens serão candidatos a trabalhos precarizados”, alerta Cláudia Costin, doutora em istração pública pela FGV e uma das principais referências em educação no Brasil.
Em conversa com a coluna, Cláudia avalia que “uma profissão que não será substituída pela IA são os professores que atuam na educação de crianças e adolescentes, grupo que demanda um processo humano importante”. “Mas a IA pode sim ajudar o professor”, observa. A especialista cita como exemplo plataformas nas quais o aluno pode treinar a escrita de redações, com correções e observações da IA sobre como melhorar o texto. “Isso ajuda muito mais do que o professor escrever ‘Nota 7’ na prova.”
Cláudia Costin também diz ser útil usar ferramentas com IA que acompanham o desempenho do aluno nas aulas para sugerir conteúdos de reforço. Uma das escolas que apostou na nova tecnologia é a plataforma online Open English. A empresa criou a assistente virtual Jenny, que monitora todas as respostas e reações do aluno para montar um plano de estudos personalizado.
Segundo a companhia, os estudantes fizeram oito vezes mais perguntas nas aulas deste semestre em relação ao semestre anterior, quando a assistente virtual ainda não existia. “A inteligência artificial não pode ser usada para terceirizar o raciocínio do aluno ou o planejamento do professor. Tem de ser para ampliar a inteligência deles”, disse à coluna Priscila Cruz, presidente da Todos Pela Educação.
No estado de São Paulo, a rede pública começou a testar um projeto piloto – divulgado em primeira mão à coluna – de correção de questões dissertativas por IA, com explicações sobre eventuais erros. “O volume de lições é gigante, são milhões de atividades, não tem como corrigirmos, exceto se for pela IA”, diz o secretário da Educação, Renato Feder.
A ferramenta corrige, em média, 4,5 milhões de questões por mês. Neste momento, a tecnologia é usada só nas tarefas de casa – que não valem nota. Mas, no longo prazo, a gestão cogita usar o programa também para correções de provas.