
A procura por diagnóstico e tratamento de lipedema disparou nos consultórios de dermatologistas, após a doença ganhar destaque na imprensa e nas redes sociais. A doença inflamatória é marcada pelo acúmulo desproporcional de gordura nos membros inferiores, mesmo em pessoas que mantêm uma dieta equilibrada e praticam exercícios físicos.
A dermatologista Adriana Vilarinho, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia, relata que a busca cresceu, em média, 30% nos 5 consultórios que ela possui na capital paulista. No Brasil, mais de 5 milhões de mulheres podem ter a doença e não saber, segundo o Instituto Lipedema Brasil.
A doença foi descrita pela primeira vez em 1940. Mas só foi reconhecida pela Organização Mundial da Saúde em 2019. A dermatologista cita como um dos motivos para essa demora o fato de o lipedema afetar quase exclusivamente mulheres. “Por muito tempo, a medicina encarou essas alterações como algo estético ou apenas um problema de sobrepeso, sem dar atenção ao impacto funcional e emocional da doença”, afirma Vilarinho.
A ausência de critérios diagnósticos padronizados também dificultou a aceitação da condição. Somente nos últimos anos, com o avanço dos estudos e o movimento de conscientização de pacientes e especialistas, a OMS ou a reconhecê-la oficialmente.
“A gordura do lipedema é bem diferente da gordura visceral ou subcutânea normal”, destaca Adriana. “Muitas pacientes relatam dor, sensação de peso e facilidade para formar hematomas, o que não acontece com a gordura comum”, diz. A médica explica que a gordura visceral, associada à diabetes e à hipertensão, se acumula ao redor dos órgãos internos e pode ser reduzida com mudanças no estilo de vida. Já a gordura subcutânea normal é uma reserva energética natural do corpo, distribuída de forma homogênea e sem causar os sintomas do lipedema.
O tratamento da doença pode ser tanto clínico, focado na redução da inflamação e no alívio dos sintomas, quanto cirúrgico, variando em cada caso, de acordo com o grau da doença. “A drenagem linfática ajuda a diminuir o inchaço e melhorar a circulação, enquanto o uso de meias de compressão auxilia no controle do edema. Uma alimentação anti-inflamatória pode contribuir para o bem-estar, assim como a prática de exercícios de baixo impacto, como hidroginástica e pilates, que ajudam sem agravar os sintomas”, explica a médica.