Vivemos num mundo marcado por crises sociais, desigualdades crescentes e colapsos ambientais, mas, uma voz se levantou de maneira firme contra tudo isso. O Papa Francisco, ao longo de seu pontificado, manteve uma crítica contundente ao modelo econômico vigente. Ele pregava uma verdadeira transformação, a busca de uma economia com alma que fosse centrada na dignidade humana, na inclusão social e no cuidado com a causa comum.
Na exortação apostólica “Evangelii Gaudium” (2013), alertou sobre os riscos de uma economia excludente: “Esta economia mata. Não é possível que a morte por congelamento dum idoso sem abrigo não seja notícia, enquanto o seja uma queda de dois pontos na Bolsa”. Não há como ficar imune a algo que toca diretamente o coração e fere a lógica financeira, que prioriza índices de mercado acima da vida humana.
Na encíclica “Laudato Si’ – Sobre o Cuidado da Casa Comum”, de 2015, o papa associa a crise ambiental à injustiça econômica ao observar: “O ambiente humano e o ambiente natural degradam-se conjuntamente; e não poderemos enfrentar adequadamente a degradação ambiental se não prestarmos atenção às causas que têm a ver com a degradação humana e social”. Denunciando adiante: “A obsessão por um estilo de vida consumista, sobretudo quando só uns poucos podem sustentá-lo, só poderá provocar violência e destruição recíproca”.
Em “Fratelli Tutti” (2020), Francisco diz ainda: “O mercado sozinho não resolve tudo, embora às vezes queiram fazer-nos crer neste dogma de fé neoliberal”. Ele propõe uma alternativa baseada na fraternidade universal, na solidariedade e na construção do bem comum. Ele buscava uma mudança cultural e estrutural. “A crise ecológica é um apelo a uma profunda conversão interior”, disse em “Laudato Si”.

Isso significa revisar valores, práticas de consumo, políticas públicas e estruturas econômicas. Significa, em última instância, colocar o ser humano e a natureza no centro do desenvolvimento, e não os mecanismos dos lucros desenfreados. Como disse João Costa, ex-ministro da Educação de Portugal, em artigo esta semana: “Todos os papas, ao longo da história, foram católicos. Nem todos os papas foram cristãos. Papa Francisco foi-o, porque soube sempre posicionar-se do lado do amor, da recusa da segregação e do ódio.” Em 2019, Francisco foi enfático quando disse: “Não há democracia com fome, nem desenvolvimento com pobreza, nem justiça na desigualdade”.
O papa fez um chamado para que nós desenvolvêssemos uma consciência ética, crescendo em compaixão, empatia e responsabilidade, reconhecendo nossa conexão com toda a criação e agindo de maneira a promover o bem comum.