O que estão compartilhando: vídeo em que o deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) supostamente pede doações em dinheiro para arcar com o tratamento de uma menina chamada Alice, de 4 anos, com câncer no cérebro.
O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é falso. O conteúdo foi gerado com o uso de inteligência artificial e técnicas de deepfake para simular a voz e o movimento dos lábios do parlamentar. O vídeo original foi postado no perfil de Nikolas Ferreira no Instagram em 5 de maio de 2024. Na ocasião, ele falava sobre as enchentes no Rio Grande do Sul, e campanhas para auxiliar os moradores do estado.

Saiba mais: O conteúdo imita a voz e o movimento dos lábios do deputado Nikolas Ferreira para simular que ele está pedindo doações para o tratamento de uma menina chamada Alice. No entanto, o vídeo cujas imagens foram utilizadas para produzir o material falso fala sobre outro assunto. Ele foi publicado no Instagram do deputado no dia 5 de maio do ano ado, quando o Rio Grande do Sul enfrentava enchentes.
O parlamentar falava sobre campanhas de auxílio às vítimas da chuva e indicava que as pessoas procurassem um instituto para saber que tipo de auxílio era prioritário naquele momento. É possível identificar o mesmo cenário, mesmos gestos com as mãos, piscar de olhos e roupa utilizada pelo deputado em ambos os vídeos (veja aqui).
O Verifica submeteu o áudio do vídeo à ferramenta Hiya, da plataforma InVid. Ela apontou detecção média de clonagem de voz de 99% no conteúdo.

Junto com a imagem do parlamentar, o vídeo falso mistura fotos que, supostamente, mostram a criança com câncer, algumas delas ao lado do pai e da mãe. O Verifica não conseguiu identificar a identidade das pessoas presentes nas imagens.
Conteúdo leva a site que pede doações via Pix
O site vinculado ao post no Facebook leva a um texto de campanha escrito, supostamente, pela mãe da menina. Ela diz que o marido, motorista de aplicativo, morreu e que não tem condições de arcar com o tratamento. O site diz que o objetivo da campanha é levantar R$ 360 mil e chega a compartilhar uma captura de tela falsa sobre uma suposta notícia da morte do pai da criança no portal R7. Não foram localizadas notícias sobre o tema no portal.
O Verifica não conseguiu confirmar quem estaria por trás da campanha. Não existe um nome completo ou contato com o responsável pela arrecadação. A página mostra uma série de fotos de crianças aparentemente em tratamento e a possibilidade de escolher um valor entre R$ 30 e R$ 1 mil para doar via Pix. Antes, o doador precisa preencher um formulário com nome completo, email, F e WhatsApp.
No site Reclame Aqui, o Verifica encontrou duas reclamações (1, 2) de pessoas que disseram ter sido enganadas. Segundo elas, a doação foi debitada em nome da empresa Voluti Pagamentos. A empresa respondeu que atua apenas como intermediadora de transações, sem relação com a empresa que recebe os valores. Segundo a Voluti, as duas doações foram devolvidas após as queixas.