No relatório que indiciou o presidente do Corinthians, Augusto Melo, por associação criminosa, furto qualificado e lavagem de dinheiro no caso Vai de Bet, a Polícia Civil de São Paulo aponta que houve uma atuação “meticulosa” e “orquestrada” para desviar recursos do contrato do clube com a empresa de apostas.
“O que existiu, em realidade, foi uma ação deliberada destinada a desviar dolosamente valores da agremiação, frutos de uma farsa (in)escrupulosamete engendrada”, aponta o documento. “Ardilosa simulação.”
Em nota, o advogado Ricardo Cury, que defende o presidente o Corinthians, disse que recebeu o indiciamento com “incredulidade e indignação” e negou que ele tenha envolvimento com eventuais irregularidades relacionadas ao caso.
Segundo o delegado Tiago Fernando Correia, responsável pela investigação, o empresário Alex Cassundé, também indiciado, foi incluído no contrato como intermediário “fictício” do negócio apenas para viabilizar o desvio sem levantar suspeitas. A Polícia Civil concluiu que Cassundé não teve qualquer participação, “ainda que diminuta”, nas negociações.
“Não se trata de coincidência, muito menos de mero acaso, o dinheiro ter saído das contas de um renomado clube brasileiro para ser abocanhado por uma afamada agência de assessoria esportiva”, afirma o delegado.
Cláudio Salgado, advogado de Cassundé, disse, via assessoria de imprensa, que não vai se manifestar antes de ter o aos termos.

Marcelo Mariano e Sérgio Moura, ex-dirigentes do Corinthians, também foram indiciados. A Polícia Civil afirma que, ao lado de Augusto Melo, eles “se aproveitaram” da confiança depositada “não só por aqueles que os elegeram, mas especialmente pelo clube”.
“O quarteto aliou-se, como é possível notar, de maneira estável, formando entre si um liame subjetivo e mirando a consecução de um fim comum, no caso, a perpetração de uma série de crimes. Afinal, como consequência da tal reunião duradoura, seriam pagas ao suposto intermediário (subtraídos do Clube, na realidade) 36 (trinta e seis) prestações de 700 mil reais.”
O criminalista Átila Machado, que representa Marcelo Mariano, nega que ele auferido “qualquer benefício econômico envolvendo o contrato”.
Moura ainda não foi localizado.
O inquérito aponta que o dinheiro desviado ou por empresas fantasmas e foi fracionado em diversas operações para ocultar a origem e dificultar o rastreio por órgãos de investigação e controle.
“Todos tinham ciência que, uma vez não sendo Alex o verdadeiro intermediário, os recursos transitariam de forma irregular até alcançar o destino final”, diz o relatório da Polícia Civil.
COM A PALAVRA, O ADVOGADO RICARDO CURY, QUE DEFENDE O PRESIDENTE DO CORINTHIANS
A defesa do presidente Augusto Melo recebeu com incredulidade e indignação o relatório final do inquérito, divulgado na noite desta quarta-feira (22), e informa que fará suas considerações oficiais assim que concluir a análise integral do documento.
Reitera-se a convicção de que o presidente Augusto Melo não possui qualquer envolvimento com eventuais irregularidades relacionadas ao caso.
O presidente foi o responsável por viabilizar o maior contrato de patrocínio máster do futebol sul-americano, tendo recebido a proposta, encaminhado aos departamentos competentes e firmado o contrato com a aprovação de todos os setores envolvidos. Esse foi o único papel desempenhado por ele no processo.
COM A PALAVRA, O CRIMINALISTA ÁTILA MACHADO, QUE DEFENDE O EX-DIRETOR ISTRATIVO DO CORINTHIANS
A defesa discorda frontalmente da conclusão alcançada pela Autoridade Policial.
O próprio relatório de análise de dados financeiros feito pela Polícia Civil de São Paulo comprovou que o Sr. Marcelo Mariano nunca teve qualquer benefício econômico envolvendo o contrato da empresa Vai de Bet. Ao término da investigação, restou comprovada a absoluta legalidade e licitude de todos os atos praticados pelo Sr. Marcelo Mariano, enquanto atuou como Diretor istrativo do Corinthians.