O contexto empresarial de hoje não é mais o de um mero quebra-cabeças: peças desconhecidas, conexões imprevisíveis, um Lego que parece mudar a cada tentativa que, antes, encaixava.
Do ponto de vista do crescimento, é impossível alcançá-lo sem constante evolução. A empresa mapeia jornadas, desenha metas, constrói narrativas, projeta futuro, tenta criar cultura — e, ainda assim, entrega mais do mesmo, só que com uma embalagem digital. Por quê?
Porque talvez estejamos insistindo em velhos mapas para novos territórios. Algumas empresas já perceberam e estão tentando outras rotas: a Lego — da qual falamos acima — reinventa a experiência física com plataformas digitais. A Nike investe em dados, apps e personalização preditiva. E a Domino’s deixou de ser só pizzaria para operar como empresa de tecnologia em delivery. Mas não se trata apenas de replicar cases quando a tecnologia é só ponto de partida.
Já sabemos: cultura engole planejamento com fome de leão. Starbucks apostou que experiência e propósito garantiriam liderança eterna, mas o barista da geração Z deixa claro que não faz parte da história; e atende como um robô, já que o robô, paradoxalmente, atende cada vez mais como humano.
Está cada vez mais desafiador desenvolver competências humanas, e está cada vez mais fácil automatizar com tecnologia, enquanto as empresas, para crescerem, precisarão de habilidades compostas: análise com empatia, digital com visão crítica, disciplina com adaptabilidade. E nesse cenário, gigantes como Duolingo e Shopify já avisaram: antes de contratar, checam se a IA não resolve primeiro.
Mas existe ainda uma saída: quem quer progredir precisa estar pronto para entregar aquilo que a tecnologia, por enquanto, ainda não consegue: olhar humano, pensamento contraditório, conexão verdadeira. Ou seja, quem não estiver disposto a desaprender, desinventar e testar o que ainda não domina, vai se sentir desconfortável. O aprendizado virou permanente — no jogo pessoal ou empresarial.