
A sabedoria de mesclar um vinho 5kp5o
O enólogo francês Michel Rolland, que escreveu capítulos importantes da sua história na Argentina, é conhecido pela sua sabedoria em mesclar vinhos. Misturar vinhos diferentes, mesmo que da mesma variedade, mas de vinhedos próximos ou mesmo elaborados em tanques diferentes, é uma arte. E a complexidade aumenta conforme as uvas disponíveis, se é uma ou muitas variedades, se há vinhos elaborados em recipientes diferentes, dos inertes tanques de inox aos de concreto ou em barricas... 595923
No Clos de los Siete, o seu projeto mais ousado em Mendoza, Rolland hoje mescla vinhos de quatro vinícolas diferentes, localizadas lado a lado, para elaborar um tinto emblemático do projeto. Atualmente participam do projeto a Monteviejo, a Cuvelier los Andes, a DiamAndes e a Bodega Rolland, todas de proprietários ses e localizadas no Vale do Uco. Pelo projeto, cada uma deve elaborar vinhos próprios para o Clos de Los Siete, além de seguir com seus brancos e tintos próprios.
Clos de los Siete: safras 2016, 2017 e 2018
O projeto foi bastante comentado nas duas últimas décadas, quando Rolland brilhava como um polêmico flying winemaker, elaborando vinhos nos mais diversos países – ele chegou a ser consultor da brasileira Miolo –, e de altas pontuações, principalmente do crítico norte-americano Robert Parker. Atualmente, com menos holofotes, Rolland segue especialista nesta arte de mesclar uvas e vinhos. Em evento realizado na semana ada em Mendoza, tivemos a oportunidade de degustar lado a lado as safras 2016, 2017 e 2018 do Clos de los Siete. E depois, harmonizar a safra 2011 com um arroz negro. E a constatação é de como o vinho mostra consistência safra após safra, mesmo com uvas elaboradas por enólogos distintos.
A arte da assemblagem, para manter a inspiração sa, é também o caminho para entender o Eolo, o tinto da vinícola Trivento, projeto da Concha y Toro em solo argentino. É um tinto elaborado apenas com a malbec e que vem ganhando qualidade a casa safra, e que nasce em um vinhedo de 4 hectares em Vistalba, Lujan de Cuyo, em Mendoza, plantado em 1912.
Em 2014, conta Germán Di Cesare, o principal enólogo da vinícola, foi realizado um estudo de solo, que identificou que a pequena propriedade tinha quatro tipos de solos: um de características pedregosa calcárea, outro arenoso com limo, um terceiro com limo a argila e um último com misto (argila e limo). Desde então, Di Cesare elabora este tinto como um blend de malbecs diferentes. O solo com mais calcáreo resulta em um tinto mais frutado, com taninos firmes; o solo com argila, traz notas mais perfumadas, por exemplo.
A safra 2000 do Eolo Malbec foi elaborada com 35% do solo mais pedregoso, 20% do arenoso, 35% do argiloso e 10% do misto. A proporção, diz Di Cesare, muda a cada safra. Ou melhor, muda a cada maior aprendizado desta arte do blend.